segunda-feira, 14 de março de 2011

TEXTO nr. 6 – Verão de 2011

Pobre mundo Podre

“Não se preocupe, nada vai dar certo” — Um filme de Hugo Carvana.

Às vezes eu me questiono: será que o mundo endoideceu ou são as pessoas que ficaram antiquadas, despreparadas para essa nova vida, esse novo jeito de viver? Será que ser criança tem que ser já complicado desde a tenra idade? Não daria para somente deixá-las brincar e pronto? Será que temos que nos preparar para uma sociedade competitiva, que vai nos exigir somente que sejamos, no mínimo, o ‘’melhor’’? Algo tão simples, não é mesmo?

Porque existem então tantos desajustados, loucos não, que manicômio é coisa do passado, pelo menos na mídia não se houve mais falar. Melhor é a gente se tratar, pagar psicólogo, psiquiatra, fazer yoga, reiki, beber uns tragos, passar mal, ter câncer, tudo isso é bom, afinal dá mais dividendo aos acionistas, mais divisas para a podre burguesia que se acha importante, que contribui para o belo “progresso” do país e do mundo.

Mas a verdade é que nos encaminhamos pela inexorável estrada do fim dos tempos. Tudo indica sim, e eu sinto um pesar enorme, mas há sinais por toda a parte, basta querer ver, olhar diferente, diferente do que a mídia nos bombardeia todo dia, aquele papo que podemos ser felizes com o novo carro, o modelo de última geração de celular que não falta nem falar, a TV de muitas polegadas, tudo isso para quê? Para que serve aos cegos uma imagem cristalina? E a vida a nos consumir sem percebermos. Viramos marionetes sem vontade e sem movimentos próprios. A mercê de um mundo que não está mais em prol do bem estar das pessoas. Um mundo ateu que se acha perfeito. Um mundo cheio de pessoas vazias. Almas penadas e vazias.

O trabalho já não engrandece ninguém. O fruto do trabalho não é a satisfação de algo bem feito, de atender alguém com carinho e respeito. É extorquir para si o máximo, passar por cima de tudo e de todos para auferir o maior lucro possível. Para assim poder comprar aqueles objetos de desejo que vão trazer a felicidade numa bandeja de prata, como em um passe de mágica. Mas que vai se esvair entre os dedos tão rápido como surgiu. E o desespero será retomado com mais horas extras, com múltiplas atividades, com manipulações escusas, com a desonestidade da esperteza... na ânsia do ter, sem escrúpulos, sem medida. Para um fim que já nem se sabe, porque já se está vazio de toda a essência.

Essência essa das coisas naturais, de um beijo de boa noite, de um abraço sincero, de um amigo que não tem interesses segundos ou terceiros, que é amigo pela simples afinidade com o teu jeito. Dos casais que estão juntos não porque lhes convém economicamente ou socialmente, mas porque, na alegria e na tristeza, verdadeiramente se amam. Porque esse amor supera as dificuldades, transpões os muros mais altos, remove as pedras mais pesadas. Não se trata de uma vida tranqüila, porque Jesus não veio trazer ao mundo uma mensagem de que a vida dos que crêem nele seria de calmaria. Muito pelo contrário a vida que ele nos incita é da luta diária, do sacrifício, da entrega a Deus na fé pelo amanhã, pela recompensa que será dada aos que acreditarem sem mesmo ver. Recompensa final aos que tiveram o amor sincero e a ação firme de não titubear. Mesmo no mar revolto pela tempestade a nossa fé terá que ser maior. Se no passado perecemos, tivemos forças para nos levantar e continuar e assim que a nossa fé na esperança por dias melhores deverá sempre prevalecer. Veremos injustiças, nos revoltaremos com aquilo que não conseguimos mudar, vamos chorar de dor e de angústia por nossos pecados e por quem nos fez sofrer, mas seremos felizes se depois de todas essas agruras ainda conseguirmos erguer nossa cabeça e ver o sol a brilhar, ver as estrelas e a lua, sentir o cheiro do pão e o valor do abraço que conforta. Nas coisas simples que não precisamos de grandes esforços para obter teremos sempre a nossa alegria, e com essa alegria iremos contagiar o mundo, e os que vivem agora nas trevas a encontrar a verdadeira luz. E que todos assim revivam e vivam cada segundo de suas vidas como se fosse esse o último. Significando enfim que é preciso viver sem ansiedade pelo que está por vir, futuro que não temos mesmo nenhuma condição de antever, e nem com remorso do que já se passou, porque não pode mais nos afetar no dia de hoje.

Mas plantem hoje em abundância as sementes que podem eventualmente serem colhidas no amanhã. Não deixem que o tempo do plantio passe sem que tenham feito o que Deus esperava que tivesse sido feito. Porque há um sábio pensamento que diz: “o plantio é livre, a colheita, porém, é obrigatória”. Quem planta vento, colherá tempestade. Quem nada plantar, nada poderá esperar da colheita. Quem plantar sementes frutíferas, frutas em abundância colherá. Quem plantar o amor, o seu marido, a sua esposa, os seus filhos amados, colherá o amor e a gratidão de Deus. E irá se perpetuar, se encontrar, de repente, sem perceber, envolto na mais singela felicidade. Terás que ser sábio nessa hora, para que os falsos presentes, artificiais alegrias produzidos pelo mundo da perdição não deixem ofuscar teus olhos, e que não troques a tua verdadeira felicidade pelas ilusões fugazes e irreais desse mundo material. Sejas, pois sempre bom, assim fieis como são os cães para com os humanos, mas sejais astutos como são as serpentes, para que não sejam enganados e para que desfrutes da verdadeira alegria do cotidiano.

Mantenha o equilíbrio do teu ser fazendo minutos diários de meditação e oração, encontra-te contigo mesmo algumas vezes por dia, e no restante do tempo, ocupa-te com teus amados e com as atividades do dia-a-dia, de forma que nunca te estresses por não ter feito algo, mas olhes para frente, como num barco as águas passadas já não podem mudar o rumo da proa, mas sim as águas renovadas do presente, que atravessam pelo leme nesse instante sim, são elas as que definem onde o barco vai ser direcionado no futuro. Faça de cada pequeno gesto do teu dia um ajuste no leme do teu barco, tendo o olhar sempre atento na tua bússola, mas sem deixar de contemplar o céu azul quando assim ele estiver.

Não tenhas medo de perder quem tu amas. Teu amor terá feito aquela pessoa feliz e te sentirás bem. Se fores correspondido no amor por alguém que também te amará do fundo do coração, não deverás temer perder esse nobre sentimento, porque a angústia que advém da possibilidade da perda do que ainda não se perdeu é pior que a dor real que se sente quando realmente se perde o amor. E se no final das contas esse amor não se perder, de que terá valido tal sofrimento? E se de fato se perder, não teria sido melhor sofrer somente a dor real e não somar à essa a angústia prévia e depois ainda sofrer mais?

Então, é mister buscar o amor com serenidade, com paciência e com a calma que o próprio amor nos ensina. Seremos felizes e completos. Seremos nós mesmos. Será a suprema felicidade, mas é uma decisão nossa de largar as correntes que nos prendem aos sofrimentos do cárcere do nosso passado e viveremos a liberdade do velejar nos mares do presente, com as velas içadas ao vento que nos levará incólumes para o belo pôr do sol no horizonte das nossas vidas. Não há respostas, amore mio, somente o meu amor infinito por ti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário