domingo, 12 de dezembro de 2010

TEXTO nr. 5 – Primavera de 2010

Divagações sobre o sentido de nossas vidas – Parte I

“Quando quiseres rezar olhe para o céu, contemple as nuvens numa noite clara de lua cheia. Na mescla entre as nuvens e o céu, entrecortada pelos raios do luar peça com fé, agradeça com sinceridade, exalte os outros e esqueça-se de si mesmo.” (ACM)

Angústia

Quero ter palavras, umas poucas somente, na medida suficiente para não perder a pessoa que amo. Palavras que aqueçam o coração e façam-na sentir como é forte meu amor! A minha dor é pela minha pouca coragem, lembro agora da minha infância, nunca fui mesmo aquele tipo de guri chegado numa briga, lembro, vagamente, de uma briga uma única vez, e me dei mal... não recordo o oponente, um colega que não ia muito com a minha cara, e nem eu com a dele, ele mais alto, e lembro somente do soco e de sentir um gosto adocicado de sangue, e de um pedaço esmigalhado de dente, é... parece que foi mesmo nocaute...
Depois, com o passar de muitos anos, acho que fiz progressos, é verdade, a vida me fez mais seguro, tive que buscar ter mais segurança daquilo que sou capaz, e evitar aquilo que me amedrontava; e, por isso, ainda titubeio ao ter que me expressar expondo meu âmago, do qual me envergonho, quiçá pela sombra do meu passado frustrante. E, apesar de tantas tristezas, consegui sobreviver, e numa noite abençoada encontrar uma mulher que mudaria minha vida para sempre. O amor mais profundo aconteceu em mim em um segundo como uma semente, que foi germinando e que deu fruto. E o que sinto por essa mulher para o todo sempre irei sentir. Mas ainda sinto-me envergonhado e não consigo externar meu eu, mantendo-o escondido, porque não me sinto digno da tua presença, já que te vejo como uma pessoa de coragem, que enfrentou tudo e todos e sempre encarou a vida de frente. Ela é especial, e corajosa, minha luz na escuridão, o sol a me aquecer nas noites frias da minha angústia pelos dias que virão. Pelos pesadelos dos quais nunca consigo me lembrar, mas que sei que me assombram sem trégua.

Dor e Amor

A vida hoje se traduz para os viventes com um sentido paulatinamente impingido, martelado continuamente em nossas fracas mentes: viver intensamente, comprar coisas (nem que seja mostrar que se tem o poder de comprar, para mostrar mais do é realmente possível de se ter, mas que é importante que os outros saibam que você pode ter); Felicidade é essa busca constante daquilo que ainda não temos, mas que quando conseguimos perde o sentido e temos que ir desesperadamente atrás de mais coisas.
Ah, quando eu tiver o meu carro! Ah, quando eu tiver aquele carro que o meu chefe tem... Ah, quando eu puder comprar tudo que sempre sonhei eu vou descobrir que no fundo ali essa tal felicidade não está.
Mas que felicidade pode ser maior do que descobri-la de repente no amor: mas pra isso você precisa saber amar e ser amado. “Ser amado” é algo que buscamos desde que nascemos. Ficamos doentes quando a nossa mamãe nos deixa na escola pela primeira vez, afinal de contas perder o amor da nossa vida não pode ser aceito com tranqüilidade, não é mesmo? Depois crescemos e temos o grande desafio de aprender aquilo que não é nato: aprender a amar. E nessa luta buscamos outro que nos complete, nos entenda, nos ajude nos momentos difíceis, que nos aceite enfim, como somos. E descobrimos que o outro quer isso também. E quando isso acontece nos descobrimos amando e sendo amados. Mas só quando os filhos chegam é que conseguimos sentir o amor na sua mais pura fora. Entendemos que o amar e ser amado são enfim o sentido maior de nossas vidas, e tudo o mais perde a importância. Perde tanto a importância que se torna nítido como, agora sim, sentimos a felicidade ao estar na nossa família, com aqueles que amamos de verdade e que nos amam mais que tudo nas suas vidas.
É bom me sentir amado por ti, esposa, e pelos nossos filhos. Mas é muito bom também amá-los e respeitá-los hoje até o último segundo da minha vida que, por ser eterna, traduz o tamanho do amor que podemos ter e dar: basta dizermos sim!
E eu digo sim, encontrei a felicidade ao lado do amor da minha vida, e sei que sou e serei sempre uma pessoa que pode dizer que encontrou a felicidade. Mas infelizmente não posso dizer como ela é, e muito menos que ela é como todo mundo espera que ela seja. Não poderei dizer como a felicidade é porque isso é algo que se sente no coração, na mente, na pele também, em cada poro obviamente, e em cada partícula do ser, quiçá além. E por isso tudo e muito mais, pelos sentimentos que palavras não podem expressar, eu só posso dizer que amo minha baixinha do fundo do meu coração... a amo infinito.

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